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8 de outubro de 2018Comer não é só para saciar a fome, mas uma atividade que tem muito potencial para nos causar prazer!
Costuma-se dizer que os nervos do estômago, durante uma refeição, só informam ao cérebro sobre a chegada de comida a fim de saciar a fome. Entretanto, de acordo com a neurocientista Suzana Herculano-Houzel, ela acabou de ser enterrada. Sendo assim, comer não é necessariamente só uma maneira de saciar a fome. Ela é também uma atividade com muito potencial para nos causar prazer quando estimulamos os neurônios do intestino – e não só os do cérebro.
Em sua nota na coluna para a Folha de S.Paulo, ela informa como foi possível, pela primeira vez, mostrar a conexão direta entre os neurônios do cérebro e do intestino. O estudo foi realizado pelo brasileiro Ivan de Araujo.
Entenda mais sobre o estudo: A Neural Circuit for Gut-Induced Reward
No estudo publicado na revista Cell, Ivan de Araujo decidiu investigar melhor o papel do intestino no estímulo cerebral. “Quisemos desafiar a visão tradicional de que o nervo vago não está relacionado à motivação e ao prazer”, explicou o neurocientista no material de divulgação da pesquisa.
A pesquisa se deu da seguinte maneira: usou-se corantes ou vírus modificados, que foram aplicados em camundongos. Eles foram injetados ora no estômago, ora no gânglio nodoso do nervo vago, ora em partes diferentes do cérebro destes camundongos. Então, com precisão submilimétrica, tornaram estas células infectadas sensíveis a um laser azul. Em conclusão, a equipe de Araujo pôde controlar quais células ativavam sob encomenda, e traçar suas conexões entre corpo e cérebro.
Eventualmente, os resultados revelaram o todo. O nervo vago, que monitora estômago e intestino, é o mais longo nervo do crânio. Ele passa pelo pescoço, pelo tórax e pelo abdome. Os cientistas sempre acreditaram que sua função era exclusivamente mediar funções como saciedade e náusea. No estudo, identificou-se que o nervo vago, pelo núcleo do trato solitário, faz a substância negra liberar dopamina (o neurotransmissor relacionado ao prazer) diretamente no estriado.
Sobre o cientista Ivan de Araújo
Ivan de Araujo é formado em filosofia e matemática pela Universidade de Brasilia. Pós-graduado na Escócia com passagem pela Universidade Duke, nos EUA. Trabalho na Universidade Yale, onde começou a estudar os circuitos entre cérebro e corpo. Agora está na Escola de Medicina Monte Sinai, em Nova Iorque, onde é Professor Titular.