Ansiedade, Depressão e o Sistema Nervoso Autônomo

Pessoas que sofrem de Transtornos de Ansiedade e Depressão queixam-se de sintomas físicos, tais como palpitações, falta de ar, insônia, desânimo, dores, tremores, sudorese, entre outros. Estes são sintomas típicos de alterações no Sistema Nervoso Autônomo (SNA). O SNA, como o próprio nome indica, realiza o controle automático inconsciente de todas as funções vitais do organismo, como por exemplo pressão arterial, frequência cardíaca e respiratória, temperatura, taxas de hormônios, metabolismo e ciclo sono-vigília.

O SNA é dividido em duas partes: o sistema nervoso simpático (SNS) e o sistema nervoso parassimpático (SNP). O SNS controla comportamentos de luta ou fuga diante de uma ameaça. Em situações de estresse ou ameaça, o SNS aumentará a frequência cardíaca, respiratória e a concentração de sangue nos músculos, preparando o indivíduo para lutar ou fugir. Em situações de estresse, o SNS pode causar sintomas, como inquietação física e mental, além de perda de foco. O SNP, funciona de maneira oposta, sendo responsável pelo restabelecimento após uma situação de estresse, distribuindo o fluxo sanguíneo pelo corpo, regulando o ritmo cardíaco e promovendo a homeostase (equilíbrio interno) do organismo. O SNP está relacionado às funções vitais e ao descanso/relaxamento, permitindo aproveitar as situações prazerosas.

O ritmo de vida da maioria das pessoas atualmente está cada vez mais acelerado. Há estímulos demais e contínuos para o SNA. É parte da razão pela qual há muitas queixas de desconforto físico, insônia, impulsividade e dificuldade em lidar com o estresse. Esta aceleração também é uma das causas para as altas taxas de transtornos de ansiedade e depressão.

É importante dosarmos nosso nível de atividade e relaxamento, dependendo das demandas de cada dia. Isto se tornou cada vez mais necessário para a manutenção da nossa saúde física e mental, pois em um estado crônico de estresse, fadiga e rigidez ficaremos sujeitos a doenças físicas e transtornos como ansiedade e depressão.

O Treino de Biofeedback

O Treino de Biofeedback (TBF) é uma tecnologia de neuromodulação utilizada para equilíbrio da atividade parassimpática e simpática. O Biofeedback é uma ferramenta de autorregulação emocional, cognitiva e fisiológica. O equipamento possui sensores que captam padrões de batimentos cardíacos que se transformam em imagens gráficas numa tela de computador, permitindo que se observe diretamente o funcionamento do SNA, de forma objetiva e em tempo real. A partir daí, treinador e paciente fazem uma “ciência colaborativa”.

A visualização destes padrões auxiliará no aprendizado de técnicas simples e eficazes de manejo de estresse, autorregulação emocional e fisiológica através da ativação do sistema nervoso parassimpático.

O treinador conduz as atividades de acordo com protocolos de estudos e com as necessidades de cada paciente. O uso de técnicas respiratórias, emocionais e cognitivas desempenham um papel fundamental no TBF.

A modificação do padrão respiratório é a forma mais fácil e rápida de equilibrar o SNA. Durante a inspiração, a frequência cardíaca aumenta, assim como a atividade simpática. Durante a expiração, a frequência cardíaca é reduzida, induzindo a atividade parassimpática, o que aumenta o relaxamento e a concentração.

Exercícios de controle emocional são uma parte importante deste processo de autorregulação. Ao ajudar a produzir sentimentos de apreciação e gratidão de forma orientada, o treinador auxilia o paciente a equilibrar sua fisiologia, contribuindo para a melhora da saúde mental.

Estudos mostraram que o SNS reflete o estado emocional das pessoas por meio de variações de padrões dos batimentos cardíacos, os quais mudam com diferentes emoções. As emoções agradáveis, a alegria e contentamento mostram um padrão suave, semelhante a uma onda senoidal. Já o estresse ou a frustração mostram um padrão irregular, caótico. O instrutor utiliza essas informações para ajudar o paciente a equilibrar o seu SNA.

Os protocolos sugerem de 04 à 08 semanas de TBF, sendo que durante as primeiras semanas de TBF, os pacientes já desenvolvem maior capacidade de enfrentamento e melhor resposta emocional ao estresse. Muitos estudos comprovam a eficácia desta técnica complementar para o tratamento de Transtornos de Ansiedade, Depressão, Estresse pós-traumático, Insônia e Transtornos Relacionados à Substâncias.

A literatura científica encontrou maior eficácia na associação entre o treino de BF e terapia cognitivo-comportamental, ambas práticas não medicamentosas que auxiliam na prevenção e no tratamento de transtornos mentais.

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REFERÊNCIAS

Anna-Karin Lennartsson, Ingibjörg Jónsdóttir, Anna Sjörs, Low heart rate variability in patients with clinical burnout, International Journal of Psychophysiology, Volume 110, 2016, Pages 171-178.

Blase K, Vermetten E, Lehrer P, Gevirtz R. Neurophysiological Approach by Self-Control of Your Stress-Related Autonomic Nervous System with Depression, Stress and Anxiety Patients. Int J Environ Res Public Health. 2021 Mar 24;18(7):3329.

Chalmers JA, Quintana DS, Abbott MJ, Kemp AH. Anxiety Disorders are Associated with Reduced Heart Rate Variability: A Meta-Analysis. Front Psychiatry. 2014;5:80.

Friedman BH, Thayer JF. Autonomic balance revisited: panic anxiety and heart rate variability. J Psychosom Res. 1998 Jan;44(1):133-51.

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